Naquela ocasião foram designados alguns encarregados dos depósitos onde se recebiam as contribuições gerais, os primeiros frutos e os dízimos. Das lavouras que havia em torno das cidades eles deviam trazer para os depósitos as porções exigidas pela Lei para os sacerdotes e os levitas. E, de fato, o povo de Judá estava satisfeito com os sacerdotes e os levitas que ministravam no templo.
Neemias 12:44
Indiscutivelmente o dízimo nunca foi voluntário, sob a Lei de
Moisés. Note, aqui, que, nos dias de Neemias, homens eram indicados para
ajuntarem as ofertas e os dízimos em câmaras designadas para aquele propósito
particular. Estas câmaras eram para os bens armazenados, e depois se tornaram
conhecidas como "casas do tesouro". Isto se tornará importante quando
olharmos para o nosso próximo texto.
"Pode um homem roubar de Deus? Contudo vocês estão me roubando. E ainda perguntam: ‘Como é que te roubamos? ’ Nos dízimos e nas ofertas.
Vocês estão debaixo de grande maldição porque estão me roubando; a nação toda está me roubando.
Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa. Ponham-me à prova", diz o Senhor dos Exércitos, "e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las.
Impedirei que pragas devorem suas colheitas, e as videiras nos campos não perderão o seu fruto", diz o Senhor dos Exércitos.
"Então todas as nações os chamarão felizes, porque a terra de vocês será maravilhosa", diz o Senhor dos Exércitos.
Malaquias 3:8-12
Examinemos
esta passagem verso por verso, para que dela possamos extrair algumas
importantes verdades.
3:8 Este verso nos diz que quando um homem retém seus dízimos ele
está roubando, na realidade, a Deus. Isto porque ele
está retendo algo que não lhe pertence, antes é propriedade de Deus. Sob
o Velho Pacto, o dízimo era mandatório, portanto retê-lo era se tornar um
ladrão. Note também que Deus diz que o povo o estava roubando em dízimoS.
Ele não disse no "dízimo", mas sim nos "dízimoS"
(plural). Estes "dízimos" têm que se referir aos diferentes
dízimos requeridos do povo de Deus (o Dízimo para o Levita, o Dízimo para as
Festas ao Senhor, e o Dízimo para os Pobres). Adicionalmente, observe que Deus
não está condenando o reter apenas dos dízimos, mas também das ofertas. Estas,
sem dúvida, referem-se às ofertas especificadas em Levíticos 1-5, tais como a
oferta queimada [holocausto], a oferta dos manjares, a oferta de paz, a oferta
pelos pecados, e a oferta pelas culpas. Todas estas ofertas eram constituídas,
principalmente, de sacrifícios de animais. O suprimento de comida e mantimento
para os Levitas era provido, em grande parte, através destes sacrifícios de
animais, dos quais os Levitas eram permitidos participar [comendo-os], em
certos casos. Uma importante pergunta emerge a este ponto. Por que é que
reconhecemos que o sacrifício de animais não é coisa para o Novo Pacto, mas
dizemos que o dízimo o é? Se estivéssemos sob a obrigação de pagar dízimos
hoje, então, certamente, ainda estaríamos obrigados a oferecer sacrifícios de
animais. Deus amarrou um ao outro (os dízimos e os sacrifícios), e disse que
Seu povo O estava roubando por reter a ambos. Não podemos decidir "pegar e
escolher" qual dos dois ofereceremos a Deus, hoje. Das duas uma: [a]
estamos sob a obrigação de oferecer ambos, tanto dízimos como ofertas de
animais (sacrifícios), ou [b] ambos [dízimo e sacrifício] têm sido abolidos
pela ab-rogação da Lei Mosaica.
3:9 Aqui, somos ditos que, como o povo de Israel estava retendo os
dízimos e ofertas, conseqüentemente estava amaldiçoado com uma maldição. Note
que o verso não diz "Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me
roubais, sim, toda a humanidade." Ao contrário, diz "Com
maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação."
Se dizimar fosse um mandamento moral e eterno para todos os povos de todos os
tempos, então todos estes estariam sob maldição. Mas nosso texto somente diz
que é toda nação de Israel que estava sob a maldição. Agora, o que é
interessante sobre esta "maldição" é que, em Deuteronômio 28, somos
ditos que se Israel, sob a Lei Judaica, desobedecesse os mandamentos de Deus,
então a nação seria amaldiçoada. Note os seguintes textos: Deuteronômio
28:18. (Dt 28:18, 23-24, 38-40, 45). Nestes versos, Deus adverte que, se o
Seu povo desobedecesse Seus mandamentos e estatutos, então as ceifas dele
falhariam, as chuvas não viriam, as colheitas seriam pequenas, a locusta [tipo
de grilos ou gafanhotos] consumiria a comida, e o fruto das árvores falharia.
3:10 Nesta passagem, Deus fala da "casa do tesouro". Com
base em Neemias 12:44, sabemos que isto se refere às câmaras no Templo, postas
à parte e designadas para guardar os dízimos dados pelo povo para o sustento
dos sacerdotes [e a todos os demais levitas]. Não existe sequer um fiapo de
evidência de que devemos associar estas "casas do tesouro" aos
prédios das igrejas para os quais os crentes do Novo Pacto devem trazer
seus dinheiros. Ademais, a razão pela qual Israel devia trazer todos os
dízimos para dentro da casa do tesouro era que houvesse [bastante] alimento na
casa de Deus. Deus estava interessado em que os levitas tivessem comida para
comer. Este era o propósito daqueles dízimos que eram trazidos para o Templo de
Deus. Somos ditos, também, que se o povo de Deus fosse fiel em trazer seus dízimos
para a casa do tesouro, Deus abriria as janelas do céu e derramaria para eles
uma bênção até que transbordasse. Isto sem dúvidas refere-se à promessa de Deus
de trazer abundantes chuvas para produzir a bênção de uma transbordante ceifa.
3:11 Neste verso, Deus promete que se Israel trouxer os dízimoS [e
as ofertaS], Ele repreenderá o devorador para que não destrua o
fruto da terra. Sem dúvidas, o "devorador" é uma referência às
locustas que Deus adverte que virão sobre os campos de Israel se o povo falhar
em trazer o dízimo (Dt 28:38; vide acima).
3:12 Neste verso, Deus graciosamente promete que, se Israel for
obediente no dar os seus dízimoS e ofertaS,
todas as nações a chamarão abençoada. É interessante que Deus não apenas
advertiu Israel de que seria amaldiçoada se desobedecesse a Lei Mosaica, mas
também prometeu que seria abençoada se a obedecesse. Note este texto, (Dt
28:1-2, 4, 8, 11-12). Aqui, Deus prometeu abençoar Israel materialmente, se ela
fosse obediente. A promessa inclui abundantes colheitas, copiosas chuvas, e
grandes aumentos nas manadas e nos rebanhos.
Portanto, é minha convicção que as bênçãos e maldições escritas em Malaquias
3:8-12 referem-se às bênçãos materiais que Deus prometeu a Israel,
se ela obedecesse seus mandamentos e estatutos. Dizimar foi um destes
mandamentos.
Penso
que, com segurança, podemos concluir que o dízimo não tinha nada a ver com o
dar dinheiro regularmente, numa base semanal ou mensal,
mas, ao contrário, tinha a ver com a adoração a Deus conforme ordenada no tempo
do Velho Pacto. O mandamento para dizimar, tal como os mandamentos para não
comer camarão nem ostras, tornou-se obsoleto e foi colocado de lado, pela
inauguração do Novo Pacto, na morte de Cristo. O dízimo foi o sistema de
impostos e taxas ordenado por Deus sob o sistema teocrático do Velho
Testamento.
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